O fogo é ao mesmo tempo um dos maiores amigos e um dos mais terríveis inimigos da humanidade. Seu controle permitiu a evolução do ser humano e o desenvolvimento de grandes tecnologias, mas sua ira já foi responsável por milhões de mortes ao longo da história. Por isso, o fogo foi tratado como fenômeno sobrenatural durante a maior parte do tempo, e foi somente a partir do século XIX que o ser humano começou a desenvolver técnicas avançadas para controlá-lo.
Desde a Antiguidade o ser humano busca formas de controlar o fogo, usando suas potencialidades como aliado e se protegendo de seus riscos como inimigo. Na Roma Antiga, por exemplo, existiam os “Triunviri Nocturi”, grupo de agentes responsáveis por combater incêndios. A legislação do império romano exigia que os cidadãos mantivessem cisternas com reservas de água em casa para casos de incêndio. A história conta que na China antiga, ao invés de combater o incêndio com água, eles demoliam as construções vizinhas e isolavam o incêndio até que ele se auto-consumisse. Na Pérsia, a lei responsabilizava o proprietário de uma casa pelo seu incêndio, independentemente de sua culpa, e o condenava à morte.
Os primeiros bombeiros modernos surgiram na Europa, com o advento da Renascença e surgimento das grandes cidades. De lá para cá, o combate a incêndio evoluiu com o avanço da civilização e da ciência. Enquanto os corpos de bombeiros já datavam na Europa desde o século XV e já houvesse em outras partes do mundo; no Brasil, foi em 1856 que o imperador D. Pedro II criou o Corpo de Bombeiros da Corte. Até então os incêndios eram combatidos pelo pessoal do Arsenal da Marinha.
O grande responsável pela evolução científica do combate ao fogo foi o alquimista francês Antoine Lawrence Lavoisier. Sua principal experiência foi colocar uma certa quantidade de mercúrio (Hg – o único metal que normalmente já é líquido) dentro de um recipiente fechado, aquecendo-o. Quando a temperatura chegou a 300ºC, ao observar o interior do frasco, encontrou um pó vermelho que pesava mais que o líquido original. O cientista notou, ainda, que a quantidade de ar que havia no recipiente diminuíra para um quinto, e que esse mesmo ar possuía o poder de apagar qualquer chama. Concluiu que a queima do mercúrio absorveu a parte do ar que nos permite respirar (essa mesma parte que faz um combustível queimar: o oxigênio). Os quatro quintos restantes eram nitrogênio (gás que não queima), e o pó vermelho era o óxido de mercúrio, ou seja, o resultado da reação do oxigênio com o combustível. Os seus estudos imutáveis, até os dias atuais, possibilitaram o surgimento de técnicas avançadas no campo da Prevenção e Combate a Incêndio.